Amamentação: Minha Frustração!

O Victor toma mamadeira desde o primeiro mês de vida, por mais que me esforçasse o leite do peito não desceu o suficiente para alimentá-lo.

Então, depois de um tempo de tratamento e tentativas a pediatra recomendou que adicionassemos a fórmula (aqui nos US chamamos de fórmula o leite em pó preparado para os bebes, como o NAN do Brasil) para complementar a alimentação, pois ele começara a perder muito peso só com o leite do peito.

Após uma "quase" depressão pós parto, em função de não poder amamentar (minha cabeca, meu coração estavam preparadíssimos pra isso - Fiz cursos preparatórios, preparei meus seios durante a gravidez, bebi litros e litros de agua, comi tudo o que me ensinavam para ter leite - sinto que não comerei canjica pelos próximos 20 anos - comprei a máquina para tirar o leite e estimular a produção do mesmo...mas não foi suficiente: Por alguma razão não identificada, meu corpo decidiu que não colaboraria, não foi dessa vez...)chegamos a conclusão que eu precisava me conformar. Era fato: Não tinha o suficiente para continuar, meu bebê estava sendo prejudicado pela minha insistência, pedi forças a Deus e seguimos com a fórmula. 

Entao ele reaguiu super bem à formula: Recuperou o peso perdido em uma semana, dormia com muito mais tranquilidade e ficou muito menos frustrado no momento de ser alimentado.

Tudo correu bem, menos na minha cabeça de mãe, preocupadíssima, que queria amamentar de todo jeito, eu ainda não tinha desistido. Soube através de uma amiga que, no Brasil, algumas mulheres tomam um medicamento para estimular a descida do leite, embora o remédio seja indicado para depressão. Falei com o meu medico daqui, que não recomendou o remédio e ainda me deu uma bronca: O bebe receberia a medicacao através do leite, caso o leite viesse, o que não é adequado. Conversamos muito e muitas lágrimas depois ele me convenceu de que o melhor para o meu filho era a amamentação pela mamadeira mesmo, afinal ele estava super saudavel, feliz.

Na verdade o problema não estava no Victor, estava na minha cabeça, com uma culpa horrivel, como se eu estivesse feito alguma coisa errada, como se não fosse mãe suficiente pra ele. 

Doutor Spina confortou meu coração dizendo que a relação da mãe com o bebê durante a amamentação do peito não garante um elo pra toda vida: Que somente faz parte do processo de dedicação e amor que damos ao filho, e que eu poderia fazer o mesmo com a mamadeira. Tornar o momento da amamentação em algo tao rico e especial pra meu filho e eu, da mesma maneira que eu havia idealizado na amamentação no peito.

E que o mais importante eu ja tinha dado a ele: A vida! Além da tentativa incansável de tentar fazer sempre o melhor, mesmo quando é impossivel e isso nem sempre depende da nossa vontade.

Minha mãe me disse algo que marcou muito tambem: "Filha, bem vinda ao Mundo das Mães: As frustrações vêm junto com a maternidade, nem sempre conseguimos fazer aos nossos filhos tudo o que pretendemos, o que sonhamos. Trate de se acostumar com isso e aprender a superar as dificuldades com humor e boa vontade! E depois, se voce tentou de tudo e não deu certo...é porque nao tinha de acontecer. Sua experiencia será outra. Quem sabe contar sua historia para outras maes que tambem não puderam amamentar no peito, que sofreram o preconceito de terem "falhado", e dizer que ainda assim foi muito bem sucedida?"

É nisso que penso agora, três meses depois. Aliás, só agora consegui postar alguma coisa a respeito.Se tiver um outro filho, tentarei amamentar no peito novamente. Mas muito mais tranquila, certa de que Deus nos capacita para tudo, de maneiras diferentes.

"O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."  (1 Coríntios 13:4:7)

Um grande abraco,

A mãe do Victor